quarta-feira, 28 de junho de 2017

Exportações de carne aos EUA: CNPC diz que parar de vacinar é a solução.

Richard Jakubaszko 
Recebi agora há pouco o comunicado abaixo, da assessoria de imprensa do CNPC, presidido pelo veterinário Sebastião Costa Guedes.
 


Para o CNPC -Conselho Nacional da Pecuária de Corte, solução para os problemas da carne depende da melhoria da vacina contra aftosa e de sua futura retirada.

Segundo levantamento, hoje o Brasil possui um rebanho de 118 milhões de cabeças, distribuídas em 12 Estados e no Distrito Federal, que não apresentam focos da doença há mais de 20 anos

Para o CNPC, o problema gerado com a suspensão das compras de carne bovina in natura, por parte dos EUA pode começar a ser resolvido com algumas medidas simples por parte do Mapa: proibição da vacinação contra febre aftosa por via intramuscular, proibição da adição de saponina na vacina, e investimentos na extensão rural. Além disso, a redução do volume da dose de 5 para 2 ml, e a realização de testes sobre as substâncias usadas pelos fabricantes de vacinas. Todas essas ações o CNPC e outras entidades ligadas aos pecuaristas solicitam há muito tempo.

No entender do CNPC, esses seriam os primeiros passos, mas devemos continuar com o programa de retirada da vacina contra aftosa no nosso país. Para boa parte dos pecuaristas brasileiros, os argumentos para retirada da vacina são fortes: o Brasil já possui um rebanho de 118 milhões de cabeças que não apresenta focos da doença entre 20 anos e 24 anos. Outros estados, entre 15 anos e 20 anos sem focos atingem 41 milhões de cabeças. Além disso, o PANAFTOSA afirma que após 4 ou 5 anos sem focos pode-se prescindir da vacina.

Trabalhos recentes feitos pelo PANAFTOSA mostraram perdas da ordem 2 quilos de peso morto por animal, o que corresponde a 4 quilos de peso vivo que ocorre em milhões de cabeças. Alguns criadores relatam perdas ainda maiores.

Tais perdas de peso decorrem de reações inflamatórias resultantes de vacina ou da vacinação, que são provocadas por diferentes fatores e que precisam ser pesquisados. Há também a necessidade de se fazer um investimento, por parte dos laboratórios, em extensão rural, visando orientar melhor quem faz as aplicações.

Inúmeros contatos do CNPC e de outras entidades da pecuária com os laboratórios foram infrutíferos. Desde 2013, foram feitas cinco reuniões com pecuaristas, principalmente do Mato Grosso do Sul, com representantes do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal – Sindan, dos fabricantes de vacinas e também da Embrapa Gado de Corte. Nesses encontros discutiu-se o problema e ficou acertado que seriam conduzidos testes a respeito do assunto, mas nada aconteceu até agora.

Ante esse quadro, que já causou grandes prejuízos aos criadores e frigoríficos brasileiros, e que agora também afeta nossas exportações para o mercado norte-americano, o CNPC espera que a tão almejada retirada da vacinação realmente aconteça.


ATENÇÃO:
Alguns minutos após publicar o texto acima, do CNPC, recebi da assessoria de imprensa do Sindan o seguinte informe:

Boa tarde Richard,
Falo com você como assessor de imprensa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan). Recebi o seu e-mail e gostaria de te repassar alguns dados adicionais sobre o embargo dos EUA à carne in natura brasileira a título de contribuir para correta informação ao mercado.

Para começar, peço sua atenção ao link https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/06/23/eua-encontraram-ossos-coagulos-e-bacteria-em-carne-brasileira-diz-agencia.htm

Trata-se de divulgação da Agência Bloomberg, tendo como fonte o FSIS, órgão de segurança alimentar do USDA.

Especificamente em relação ao texto publicado no seu blog, seguem algumas considerações para sua análise:
. A Colômbia estava desde 2009 sem foco de aftosa e, apesar de ter programa de vacinação semelhando ao Brasil, foi atingida por surto na semana passada em localidade a 100 km da fronteira da Venezuela – país que não tem programa de vacinação regular.
. O Brasil tem mais de 17 mil km de fronteiras secas, sendo mais de 4 mil km com Paraguai e Bolívia, países que também vacinam o gado. Dessa forma, parar de vacinar significa ficar à mercê da correta vacinação nos países vizinhos. Como ocorreu agora na Colômbia, isso pode ser um risco ao país.
. Sobre o trecho “Tais perdas de peso decorrem de reações inflamatórias resultantes de vacina ou da vacinação...”: em determinados animais, a vacina contra aftosa pode provocar edemas, que desaparecem com o tempo, nunca reações inflamatórias. Se isso ocorre é por infecção provocada no ato da vacinação ou posteriormente. Ou seja, sem relação com a qualidade da vacina.
Espero ter contribuído.
Aproveito a oportunidade para te encaminhar posicionamento do SINDAN em relação ao tema.

É IMPROVÁVEL QUE A VACINA SEJA RESPONSÁVEL PELA SUSPENSÃO DAS EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA IN NATURA PARA OS ESTADOS UNIDOS
O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) entende que é pouco provável que a vacina contra a febre aftosa seja responsável pelo embargo norte-americano para a carne brasileira. A vacina brasileira tem qualidade, segurança e eficácia reconhecidas pelas autoridades, produtores, indústria e instituições internacionais de saúde animal. O processo de fabricação é longo, extremamente rígido e inclui duplo controle dos processos – pela indústria e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) –, além de seguir todas as normas, produção, colheita, armazenamento e distribuição definidas pelas autoridades governamentais, sendo este processo 100% rastreado, o que garante aos pecuaristas e todos os demais envolvidos a maior segurança existente tratando de um produto biológico.
Eventuais reações provocadas pela vacina nos bovinos ocorrem por uma série de fatores, que vão da base oleosa e adjuvantes utilizados até sensibilidade e estresse animal, processo de vacinação em si, com agulhas mal esterilizadas e/ou inadequadas, e aplicação em locais inadequados. No entanto, a vacina não causa abcessos purulentos.
O Brasil fabrica vacinas contra febre aftosa desde a década de 1960, tendo, portanto, larga experiência nessa área. Além disso, a indústria veterinária investe constantemente em pesquisa e desenvolvimento, com o compromisso de colocar no mercado vacinas cada vez mais eficientes, inclusive sem proteínas estruturais, o que permitiu atingirmos o status atual de exportador, com base no reconhecimento de livre da aftosa com vacinação.
A vacina e o processo de vacinação em massa são indispensáveis para o sucesso do PNEFA (Programa Nacional de Erradicação e Vacinação contra a Febre Aftosa) no reconhecimento do Brasil como área livre de febre aftosa, sendo, inclusive, ferramentas citadas nos manuais da FAO.
O parque industrial brasileiro é moderno e tem capacidade para produção de mais de 500 milhões de doses de vacinas trivalentes contra aftosa por ano, volume que atende perfeitamente às necessidades da pecuária nacional (cerca de 350 milhões de doses/ano), manutenção de estoque de emergência de mais de 60 a 80 milhões de doses e exportação aos países vizinhos, especialmente aqueles com os quais temos fronteira seca – este um importante risco de novos surtos no rebanho brasileiro.
Em relação à suspensão das exportações de carne in natura brasileira aos Estados Unidos, o próprio MAPA reconhece que tal decisão está ligada a uma série de fatores, que incluem abcessos na carne até processos de limpeza dos cortes nos frigoríficos. Esse último tópico, aliás, levou à suspensão de cinco plantas exportadores na semana passada pelo Ministério.
A indústria de saúde animal renova o seu compromisso com o país, com as autoridades e com a cadeia produtiva da carne bovina para trabalhar ainda com mais afinco para a solução de não-conformidades que prejudicam a imagem do produto brasileiro no exterior.
Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan)
Abraço,
Altair Albuquerque
Texto Comunicação Corporativa
Telefones (11) 3039-4100 / (11) 99935-1705

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2 comentários:

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