por Vilmar S. D. Berna *
Pensar sobre a morte não tem nada de mórbido, pois convivemos com ela diariamente. Existe morte na vida e vida na morte. Ao morrermos, nosso corpo continua se decompondo em outros elementos químicos que se reincorporarão a vida, de outras maneiras, além de permitir a vida de outros seres como alguns insetos que usarão nosso corpo como alimento, morada e berçário. Nada demais, por que enquanto estivemos vivos também nos alimentamos dos mortos, como as plantas e animais.
Também podemos não morrer de uma vez só. Nossos rins, pâncreas, fígado, por exemplo, podem morrer antes de nós, ou sobreviverem a nossa morte, e daí os transplantes se tornarem possíveis e necessários.
Também morremos o tempo todo sem perceber. A parte da pele que vemos e tocamos, por exemplo, é formada por escamas de pele que já morreram e continuam morrendo e se desprendem formando poeira e servindo de alimento para toda uma fauna acompanhante de ácaros que nos prestam um importante serviço aos nos limparem, ao alimentarem-se de nossa pele morta.
E, como não somos seres só físicos, mas também espirituais, morremos ética e espiritualmente quando escolhemos nos calar diante de injustiças e indiferenças, por exemplo, ou quando recusamos amar para não sofrer.
O que se espera da morte é que seja em paz e com dignidade. Hoje, a medicina dispõe de recursos para tornar a morte digna, sem dor ou sofrimento.
Entretanto, a paz não depende da Medicina. Algumas pessoas podem não se sentir em paz na hora da morte por perceberem que não deram a devida importância à vida, não valorizaram o que acham agora que deviam ter valorizado. Existem pessoas tão preocupadas em acumular bens, riquezas e poder nesta vida, que parecem pensar que não vão morrer nunca, ou que poderão levar alguma coisa consigo depois que morrerem. Se isso só causasse danos a essas pessoas tudo bem, é a escolha delas, o problema é que estas escolhas causam danos ao planeta, que é obrigado a ceder recursos naturais que farão falta a outras pessoas, além de obrigarem outras pessoas a trabalharem além de suas necessidades, para produzir mais valia. Algumas dessas pessoas, ao chegar a hora da morte, descobrem que andaram perdendo tempo dando importância a coisas e atitudes que, agora, não têm tanta importância. Alguns lamentam-se pelos 'eu te amo' que gostariam de ter dito às pessoas queridas, ou pelos perdões que não pediram nem deram - e nem se deram, e que terão de se dar agora, ou não conseguirão morrer em paz.
Alguns preferem se consolar acreditando que a morte é uma espécie de passagem para um outro mundo ou situação. Outros, acham que é o fim de tudo. Pouco importa, porque não temos nem como evitar a morte nem como ter certeza se existirá uma segunda chance.
A morte encerra um ciclo, o desta vida, como a conhecemos. A vida permite que sejamos o que somos, e na morte deixamos de ser.
O mundo das possibilidades é aqui e agora, nada valerá a pena se perdermos esta oportunidade.
* O autor é escritor e jornalista, editor da Revista e do Portal do Meio Ambiente. Mais informações: www.escritorvilmarberna.com.br
Publicado no Portal do Meio Ambiente: http://www.portaldomeioambiente.org.br/colunistas-da-rebia/vilmar-s-d-berna/4813-a-morte-a-vida-e-o-meio-ambiente.html
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