quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Jornal mexicano implora a traficantes que poupem jornalistas

Richard Jakubaszko
Em editorial, conforme notícia abaixo da Agência de Notícias Reuters, divulgada ontem pelos jornais do mundo inteiro, e também pela internet, é possível ler, estarrecido, a que ponto chegou o domínio do narcotráfico. Tenho lá minhas dúvidas e questionamentos a respeito da praticidade do editorial, e faço um comentário ao final da notícia abaixo:
Jornal mexicano implora a traficantes que poupem jornalistas
20/09/2010
Por Julian Cardona
CIUDAD JUÁREZ, México (Reuters) - Um jornal mexicano publicou no domingo um editorial em que pede orientações aos traficantes sobre como acompanhar as notícias sem que seus repórteres sejam assassinados por causa disso.
"Vocês são a autoridade 'de fato' na cidade agora", afirmou o El Diario, que circula em Ciudad Juárez (fronteira com os EUA), dirigindo-se aos cartéis que já mataram mais de 6.400 pessoas na cidade desde 2008.
"Expliquem o que vocês querem de nós, o que vocês querem que publiquemos ou paremos de publicar", dizia o editorial.


Entidades especializadas dizem que o México é um dos países mais perigosos do mundo para o exercício do jornalismo. Mais de 30 profissionais da imprensa já desapareceram ou foram mortos desde que o presidente Felipe Calderón iniciou sua "guerra às drogas", no final de 2006, segundo um relatório lançado neste mês pelo Comitê para a Proteção de Jornalistas, com sede nos EUA.

Os jornais mexicanos cada vez mais praticam a autocensura na cobertura da "guerra às drogas" e o El Diario não citou nenhum dos traficantes que disputam o controle das rotas das drogas na cidade.


Alguns veículos de comunicação pararam de citar o nome dos cartéis e de noticiar tiroteios. Jornalistas em Ciudad Juárez especulam que colegas seus foram mortos apenas por terem escrito reportagens citando os nomes de certos traficantes ou de seus rivais.

O El Diario, cuja redação funciona em El Paso, no Texas, disse que um fotógrafo seu foi assassinado por pistoleiros do tráfico na semana passada, e outro profissional havia sido morto dois anos atrás. "Não queremos mais mortes", disse o jornal. "Digam o que vocês querem de nós."

O governo mexicano mobiliza milhares de policiais e soldados para o combate aos traficantes, mas as autoridades não conseguem conter a brutal ofensiva promovida em Ciudad Juárez por Joaquin "El Chapo" Guzman, o traficante mais procurado do país.

"El Chapo" (ou "Baixinho") tenta tomar o controle da cidade das mãos de Vicente Carrillo Fuentes, líder histórico do Cartel de Juárez que, segundo especialistas, domina cerca de um quinto do narcotráfico, atividade que, conforme estimativas, rende 40 bilhões de dólares por ano aos cartéis.


Comentário do blogueiro:
Afinal, o que deseja o jornal?
Há, de imediato, três alternativas, as três são ruins:

1 - o editorial é emocional e verdadeiro, pede por vidas humanas de colegas assassinados; inútil, na minha modesta opinião. Quem mata ou manda matar não está nem aí pelos aspectos humanos e pela cidadania.


2 - o editorial foi uma forma de autopromover o jornal. Conseguiu, a blogosfera e a imprensa do mundo inteiro repercutiram o inusitado editorial.


3 - aproveitaram para, através do editorial, mostrar as fragilidades do governo e da sociedade em combater o narcotráfico, mas tiveram coragem de "enfrentar" os narcotraficantes, e com isso aumentar as vendas do jornal, e em paralelo a publicidade. Difícil de avaliar os resultados práticos.


Na minha opinião, a qual já debati com diversos amigos, e nunca ninguém me convenceu do contrário, o narcotráfico somente será vencido se se demonstrar aos jovens, desde pequenos, que, se eles forem consumidores destas drogas estarão financiando a guerrilha urbana mantida pelo narcotráfico. O idealismo dos jovens, com o perfeito entendimento dessa questão, poderá, em poucos anos, exterminar com essa praga do planeta por absoluta falta de consumidores.


A única alternativa viável, feita pela Holanda, a de legalizar as drogas, apenas oficializa o consumo, não impede as guerrilhas e matanças que se formam nos países produtores e em outros países consumidores, que nunca conseguirão vencer os narcotraficantes usando os mesmos métodos, até porque possuem muito poder e dinheiro.


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