sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A agricultura que o Brasil almeja

Richard Jakubaszko
Pela relevância do assunto e pertinência da argumentação, reproduzo aqui no blog artigo publicado hoje no jornal Folha de São Paulo, assinado pelo meu amigo Eduardo Daher.
Por ser um profissional, diretor-executivo da Andef, que representa as empresas do segmento de agroquímicos, todas multinacionais, Daher se mostra objetivo e restrito ao tema, sem entrar na discussão do mérito de questões políticas e ideológicas, que permeiam o artigo anterior de Stédile na mesma FSPaulo.

Publiquei no blog http://richardjakubaszko.blogspot.com/2007/12/agricultura-poluio.html o artigo "Agricultura é poluição", em dezembro de 2007, mas pessoas como Stédile não são afeitas à leitura de artigos que contradigam as suas opiniões, até porque possuem interesses inconfessáveis. De tudo isso me resta um consolo, de que Daher, eu, e muitos outros, não estamos sozinhos nesta luta insana para defender a agricultura brasileira de ataques interesseiros, de gente que cospe no próprio prato em que come suas três refeições diárias.

seção Tendências e Debates

A agricultura que o Brasil almeja
Eduardo Daher
As tecnologias genéticas e químicas estão ligadas à competitividade agrícola, por mais que isso tire o humor de seus adversários.

"O feijão colocado à venda nesta manhã acabou rápido nas feiras livres de São Paulo. Com preço tabelado a Cr$ 38,00 pela Coap, Comissão de Abastecimentos e Preços, a venda do produto foi limitada a 2 kg por pessoa. A falta de feijão, e o conseqüente aumento de preços no último mês, obrigaram o governo a expropriar os estoques do produto na Ceagesp e nos armazéns da Companhia Santos-Jundiaí. Instituições de caridade e hospitalares solicitaram prioridade na aquisição do produto."

A notícia acima, publicada em 21 de agosto de 1959, na 'Folha da Noite', remete a um passado sombrio na vida dos brasileiros, mas é apropriada para que se reflita sobre um equívoco que vem se exacerbando: o de certas lideranças tratarem a agricultura competitiva como se fosse 'inimiga' do país. É isso o que sugerem discursos como o de João Pedro Stedile, da direção nacional do MST ('Tendências/Debates', 28/5). Tal visão coloca em xeque o papel do setor estratégico para a economia nacional.

A atividade agropecuária é provedora da extensa cadeia de alimentos que temos em nossas mesas; fornece, ainda, a infinidade de bens imprescindíveis no nosso dia a dia e de bilhões de pessoas em todo o mundo -do papel deste jornal que lemos à roupa que nos veste. Responde por 23,7% do PIB nacional; movimenta 38,5% das exportações e emprega cerca de 40 milhões de pessoas. A pesquisa e a adoção de tecnologias de base genética (sementes) e química (fertilizantes e defensivos) estão diretamente associadas à competitividade agrícola brasileira. Por mais que esse fato tire o humor dos seus adversários.


Na luta contra a ciência genética, que antes já revolucionara a medicina e hoje aprimora os cultivos, tais lideranças renegam até o sucesso dos pequenos produtores que dizem defender. Foi o que narrou a Folha de S. Paulo, em 23/1/2009, em reportagem sobre o assentamento gaúcho Novo Sarandi: agricultores que adotaram a soja geneticamente modificada foram ameaçados de expulsão da área por dirigentes do movimento. 'Não é um assentamento modelo por causa da contradição da soja transgênica', afirmou um líder.

Perdida a batalha contra os organismos geneticamente modificados (OGMs) junto à opinião pública, que, superado o receio inicial, se mostra mais compreensiva em relação aos transgênicos, aqueles líderes se voltam contra os defensivos agrícolas, ou agrotóxicos. Uma luta insensata, já que a defesa fitossanitária é imprescindível no combate às pragas que devoram cerca de 40% dos alimentos nas plantações no Brasil. 'As alterações do clima acarretam modificações na incidência de pragas agrícolas, com sérias consequências econômicas, sociais e ambientais', explica o engenheiro agrônomo Décio Gazzoni, pesquisador da Embrapa.

Na agricultura tropical, como no Brasil, as pragas são ainda muito mais danosas do que nos países de climas frio e temperado. Agricultores que têm suas lavouras dizimadas em poucos dias sabem o drama que isso significa.
A lavoura arcaica, tão apregoada por tais lideranças, não beneficia a agricultura, muito menos o país.

Diferentemente, com o olhar num futuro de paz, o que milhões de produtores rurais e, afinal, toda a sociedade almejam é um novo tempo no campo, que vem já se realizando, aqui e agora, mas capaz de impulsionar ainda mais um virtuoso ciclo de prosperidade para todos os brasileiros.

Eduardo Daher , 60, é economista pela FEA-USP, pós-graduado em administração de empresas pela FGV-SP e diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).


3 comentários:

  1. Pedro Irineu Caboverde3 de setembro de 2010 às 13:34

    Da outra vez que vim comentar aqui vc me deu porrada, mas não tem problema. Volto pra dizer que o pessoal do MST não precisa nem levar cassetada, é só aplicar neles o rigor da lei, mas nosso governo não faz nada...
    Pedro Irineu Caboverde, Curitiba

    COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO:
    Pedro Irineu, acho que da outra vez vc mereceu levar uma na orelha... Mereceria agora outra porradas, mas vou deixar passar, pra vc não ficar traumatizado...
    Obrigado pela visita e pelo comentário, é democrático manifestar opiniões, sem nazi-fascismos...

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  2. Já está mais do que provado que o MST é um movimento político que pretende tomar o poder à força, nunca pelo voto. Ninguém deveria dar importância às opiniões deles.
    Valdir Bellini
    Passo Fundo, RS

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  3. Também quando Secretário da Agricultura me empenhei em campanha para aumento da produção de feijão. Hoje, graças á tecnologia e à eficiência dos produtores, não mais acontece tal escassez. O uso de defensivos é oneroso e só ocorre porque é preciso para proteger as lavouras e garantir a produção. O produtor não joga dinheiro fora: gasta em químicos porque precisa obter colheita. O produtor trabalha mais que a turba de antigos comunistóides que se transformaram em ambientalistas e ecologistas. Gente barulhenta e idiota sempre houve e haverá. É parte da sortida comunidade humana. Pode até serem divertidos enquanto não agridem a propriedade alheia tornando-se criminosos. O caso é que são espertos em permanecer nas manchetes. Isso temos que reconhecer. Parabéns ao Daher por se ocupar em esclarecer nossa massa de urbanóides mistificados

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