Richard Jakubaszko
Recebo e-mail do Dr. Fernando Penteado Cardoso, onde ele questiona:
Recebo e-mail do Dr. Fernando Penteado Cardoso, onde ele questiona:
Será que alguém já avaliou o custo do tempo gasto com
as infindáveis discussões sobre a legislação florestal?
Será que alguém já
examinou fotos espaciais para “sentir” a viabilidade de reflorestar parte de
áreas ora produtivas?
Oxalá mais gente se preocupasse com a “viabilidade” das exigências.
Sobrevoando a NO de Alta Floresta não vi sinais de erosão nas margens não
florestadas dos córregos e, ao mesmo tempo, concluí que jamais tais beiras
virão a ser reflorestadas. Inviável.
Outra ideia me ocorre: um inventário dos próprios rurais dos
governos.
Tecnicamente, e em termos ambientais, políticos e legais, ele mesmo responde, leiam abaixo o interessante artigo, publicado também na DBO Agrotecnologia de fev/mar/2012, que saiu esta semana.
Florestamania
Fernando
Penteado Cardoso *
Foto abaixo: a utopia.
Foto abaixo: a utopia.
Estamos mistificados pela
florestamania. Temos 400 milhões de ha de mata amazônica, sendo em grande parte
inundável, montanhosa, pedregosa ou muito remota. Classificam como pecado
ambiental aproveitar os 100 milhões de ha de terras altas, bem conformadas,
agricultáveis e bem localizadas, além de beneficiadas por chuva, sol, calor e
transporte fluvial, parte das quais já foi aberta.
Alegam que iria alterar o clima porque
as chuvas vêm da floresta. Grande bobagem. Estão confundindo causa e efeito: as
florestas existem porque chove e não ao contrário. Será que 300 milhões de ha de terras
impróprias para agricultura, recobertas de florestas, não seriam suficientes
para promover os alegados benefícios?
É insensato planejar uma agricultura
onde 80% das propriedades ficam ociosas, dispersando lavouras e habitações e
aumentando distâncias, o que virá a elevar custos, além de dificultar o
transporte, a assistência escolar e de saúde, bem como a garantia de segurança
e justiça. Mesmo nas áreas de mata de transição, - com arvoredo leve e de fácil
remoção, - reservar 35% representa um desperdício injustificável, em regiões
privilegiadas onde os riscos climáticos são reduzidos.
O que seria, por exemplo, de Sorriso e de
Lucas do Rio Verde em MT se houvéssemos seguido as limitações estabelecidas
desde 1965? Possivelmente teriam sido
desperdiçadas a garra, a diligência e capacidade empreendedora da gauchada
valente, responsável pela notável produção de hoje e, ainda, por cidades com
IDH superior a 0,80.
Tudo isso, simplesmente, não existiria!
Para efeito histórico, científico e
prazeroso, bastam áreas florestais limitadas, a serem desapropriadas e
administradas pelo poder público, ao lado de matas particulares estimuladas por
incentivos. Umas e outras conservariam a biodiversidade da coleção de espécies
animais e vegetais.
Quanto ao vozerio internacional sobre
florestas e clima, há que lembrar o empenho da União Nacional de
Produtores-NFU, dos EUA, defendendo a tese das “fazendas aqui (EUA), florestas
lá (Brasil e outros)” para limitar a produção de cereais e, assim, reduzir uma
possível concorrência agrícola dos países tropicais. Eles têm razão de temer.
Assim mesmo vamos crescendo e desenvolvendo
dentro do preceito:
“Quando
o Direito ignora a realidade, a realidade se vinga ignorando o Direito
(G.Rupert)”. Tal verdade explica nosso convívio com leis inexequíveis, como
sejam leis que “não pegam” no dizer popular.
Se a complexa, obscura e desiderativa
legislação ambiental rural “não pegar”, talvez viremos a ser no século 21 o que
foram os EUA no século 20, como referido por Norman Borlaug anos atrás e
recentemente pela senadora Marina Silva
na ESALQ-USP, Piracicaba.
Uma coisa é certa: se a lei promulgada pelo
governo militar dos anos 60 tivesse “pegado”, não teríamos a pujante
agropecuária de hoje. É fácil conferir pelas fotos espaciais disponíveis.
* Eng. agr. sênior, ESALQ-USP, 1936.
_
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por participar, aguarde publicação de seu comentário.
Não publico ofensas pessoais e termos pejorativos. Não publico comentários de anônimos.
Registre seu nome na mensagem. Depois de digitar seu comentário clique na flechinha da janela "Comentar como", no "Selecionar perfil' e escolha "nome/URL"; na janela que vai abrir digite seu nome.
Se vc possui blog digite o endereço (link) completo na linha do URL, caso contrário deixe em branco.
Depois, clique em "publicar".
Se tiver gmail escolha "Google", pois o Google vai pedir a sua senha e autenticar o envio.