quarta-feira, 28 de março de 2012

Quem produz mais milho?


Fernando Penteado Cardoso *
(Resultados do concurso de produtividade de milho nos Estados Unidos, vencido por um produtor que trabalha com plantio direto).
Continuam em manchetes nos EUA os resultados do concurso de produtividade de milho de 2011, quando o supercampeão atingiu a espantosa colheita de 449 sacos de milho, sejam 26 t do cereal por hectare.

O resultado foi festejado pelos conservacionistas porque foi obtido em cultura sob plantio direto, onde o solo foi perturbado (lavra) unicamente ao longo das linhas de plantio na operação de semeadura com colocação de adubo de arranque bem separado das sementes.

O concurso de produtividade é patrocinado anualmente pela Associação Nacional dos Plantadores de Milho, cuja sigla em inglês é NCGA. Em 2011 o concurso contou com 8.425 participantes localizados por todo o país e premiados em conformidade com a tecnologia utilizada.

No ano de 2011 os primeiros colocados obtiveram os seguintes resultados para cada uma das classes em que se situaram:

Plantio sem irrigação:
AA, convencional...................338,8 sc/ha
AA, PD com lavra na linha..... 311,3 sc/ha

Plantio irrigado
Convencional..........................387,4 sc/ha
PD com lavra na linha..............448,7 sc/ha

A média geral dos participantes do concurso alcançou a 327,5 sc/ha, que pode ser comparada com a média de produção comercial de todo o país de 153,4 sc/ha.

O vencedor nacional com 448,7 sc/ha é o produtor David Hula, que trabalha com o pai e com dois irmãos no estado de Virgínia, próximo à Baia de Chesapeake. Ele informou que pratica o PD contínuo (never till) desde meados dos anos 1980, ou seja, há mais de 20 anos, e que nas áreas de maior fertilidade sua média foi de 430 sc/ha.

Disse ainda que utilizou os melhores recursos de sanidade na lavoura, junto com a melhor tecnologia disponível de bio-promotores de crescimento.

Os fertilizantes informados foram os seguintes, para um solo em rotação de trigo seguido de soja:

- como estimulante, fórmula 3-18-18 junto às 110 a 115 mil sementes p/ha, com espaçamento de 76 cm entre linhas;

- para arranque, 74 kg/ha de N mais 37 kg/ha de P2O5 enriquecidos com enxofre, zinco e boro, localizados 5 cm abaixo e 7,5 cm ao lado das sementes;

- no crescimento, 433 kg/ha de N, na água de irrigação, subdividido em duas aplicações nas fases V5, V9 e uma terceira, com regador, no apendoamento quando as plantas tinham mais de 4 m de altura.

Hula efetuou a colheita da área do concurso com uma população próxima à que havia semeado, sejam 109.000 plantas por ha, e informou que sua meta para o futuro é de pelo menos repetir ou mesmo exceder os 420 sc/ha e de chegar até lá com boa lucratividade.

Tradução e adaptação F.Cardoso - Fontes-NCGA e Corn & Soybean Digest, Março 2.012. Conversões: 1 acre=4.047 m2; 1 bushel milho = 25,4 kg; 1 lb = 0,454 kg; 1ft = 0.305m.

* O autor é engenheiro agrônomo, fundador e ex-presidente da Fundação Agrisus – Agricultura Sustentável.
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9 comentários:

  1. Impressionante o record e obrigado a você por divulgar e obrigado também ao dr Fernando Penteado Cardoso pela descoberta desse resultado surpreendente. Dr. Fernando, sempre na vanguarda, descobrindo e ensinando.
    Carlos Viacava

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  2. Olá Richard!
    Tudo bem contigo?
    Estou te enviando esta matéria, achei interessante.
    Estou devendo uma passada aí para um cafezinho...
    Um abraço,
    Isadora Herrmann

    What Is "Epigenetics" And Why Should I Care

    The term "Epigenetics" (as in "epigenetic landscape") was first coined by C. H. Waddington back in 1942, but in the agricultural world "Stoller Enterprises Research and Development Program" has been blazing a trail for this new crop technology. Some are now going as far as to say "epigenetics" will soon propel our production numbers beyond our wildest dreams. There was data collected just this past year in test plots located on drought stricken fields that was simply amazing. Reports indicate average "untreated" corn in these fields were producing about 36 bushels per acre, while those plants in the same field using the epigenetic Stoller technology were producing yields closer to 118 per acre. The fields mentioned above were a part of the University of North Carolina State Ag Department. In south Texas, epiginetically treated corn plants were actually able to transfer sugar down into their own roots, leading many scientist to believe the plant was actually creating it's own oxygen. There were also fields in Texas where soybean pods in control plots were producing 60 bushels per acre, but in the epigentically treated fields, pods were yielding closer to 118 bushels per acre with no additional nitrogen being added. From what I have learned, the molecular basis of epigenetics is extremely complex, but in simple terms, I believe researchers try to make small modifications of certain activation genes without altering the basic structure of the plant DNA. This is obviously beyond my pay-grade, but is certainly something I believe all producers should start to learn more about. Here is the link to an article posted on Advancing Ag, an online Ag think tank where progressive thoughts on agriculture and the environment are shared. I hope this sparks some ideas, Jerry Stoller, President & CEO of the Stoller Group goes as far as to say producers are only currently obtaining about 30-35% of their potential yield: http://advancingag.com/epigenetics/

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  3. O importante, mesmo, é haver produtores afeiçoados à cultura do milho, capazes de se organizarem em uma associação, para em seguida a prestigiarem com mais de 8.000 participações em um concurso de produtividade.Isso é realmente fantástico.
    Fernando Penteado Cardoso

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  4. walter josé rodrigues matrangolo28 de março de 2012 às 14:38

    Em tempos de restrições energéticas e ambientais, vale a pena não nos atermos apenas aos números, mas ao contexto, à complexidade dos fatos, que estão inseridos em um mundo globalizado e cada vez mais interdependente.

    A quantidade total de energia necessária para a produção de fertilizantes de amônio é estimada como equivalente a 2 milhões de barris de óleo/dia. O nitrogênio dissolvido afeta negativamente o transporte de oxigênio no sangue (reduz a atividade da hemoglobina)

    Ou seja, a produção e a produtividade nada dizem se não forem considerados os custos de produção. Que não só financeiros, mas custos ambientais.

    Walter José Rodrigues Matrangolo
    Sete Lagoas
    Agrônomo, Dr. Ciências / Ecologia

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  5. Matrangolo,
    não nos conhecemos, mas pelo seu comentário, me permita dizer que vc é um híbrido de agrônomo com ambientalista, e uma pitadinha da velhinha de Taubaté, personagem do Veríssimo que acreditava em tudo, até mesmo em Papai Noel. Desejo lembrar a vc que nossa atmosfera é composta de 79% de nitrogênio. Se vc não deseja se ater a números, considere isso, pelo menos.
    Entenda que estamos comemorando aqui os 448 sc/ha de produtividade de milho, e isto indica um ótimo caminho para a solução da fome no planeta, e vc vem estragar a festinha comemorativa, lembrando alguns paradigmas biosedagradáveis.
    Vejo que na sua hibridação está prevalecendo o ecologista, apadrinhado pela velhinha de Taubaté. Uma pena, teremos de economizar nitrogênio, daqui pra frente...

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  6. Juliano Roberto da Silva28 de março de 2012 às 15:07

    Muito bom. Mais uma vez, mostrando como temos grandes vantagens em se utilizar o plantio direto, excepcionais produtividades e ainda preservando a integridade do solo. Os avanços em tecnologias (plantio, sementes, espaçamento, adubação, irrigação) e pesquisas (variedades, etc.), aliadas aos excelentes agricultores e pecuaristas consegue-se chegar aos recordes em produtividades. Parabéns aos novos vencedores e ao Dr. Fernando Penteado.

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  7. walter josé rodrigues matrangolo29 de março de 2012 às 10:48

    Jakubaszko,

    Em parte, fico lisonjeado pelo comentário. Sou muito simpático às utopias.

    Não vejo-me como estraga prazeres, apenas compartilhei alguns ensinamentos que ficaram faltando em minha formação acadêmica: entropia, externalidades, ...

    Sei que as leguminosas (atualmente Fabaceas) são capazes de retirar o N do ar de graça, pelo processo natural de simbiose com bactérias que assimilam esse N e o repassam à essas plantas na forma de compostos nitrigenados. Por isso, o Cerrado transformou-se e o Brasil economiza bilhões por ano em adubos solúveis na soja.
    O uso das leguminosas em consórcio, aléias, sucessão são possibilidades sustentáveis, se é que essa palavra ainda quer dizer alguma coisa, nesses tempos de "marketing verde" ou greenwashing.


    Para estimular a conversação, sugiro a leitura de um texto que trás para a discussão uma questão fundamental: ..." a crença mística no poder da técnica que a ciência não autoriza e a ética não recomenda." do Prof. do Depto. de Economia da FEA e do Instituto de Relações Internacionais da USP, Ricardo Abramovay, publicado no Caderno A (Tendências/Debates) da Folha de São Paulo, de 27 de março de 2012.

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  8. Muito bom. Cada vez mais vemos a possibilidade de de desenvolvermos uma agricultura sustentável e ecologicamente correta. Gostaria de saber: Quais foram os biopromotores usados? Grato!!!

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  9. Reginaldo,
    procurei, mas não encontrei, o registro de quais biopromotores foram utilizados. O autor da notícia, Dr. Fernando Cardoso, deve ter se referido aos produtos conhecidos hoje no Brasil como bioestimulantes. Na revista DBO Agrotecnologia, da qual sou editor, publicamos em agosto/2010, edição nº 26, uma matéria de capa sobre o assunto. Se vc não é assinante da revista (a assinatura é gratuita), vá ao site da revista www.dboagrotecnologia.com.br e peça sua assinatura, desde que seja técnico, agrônomo ou agricultor, e solicite envio da edição 26, OK?
    Há bioestimulantes sendo usados, desde fertilizantes foliares, enriquecidos com Zinco, Cálcio e outros microelementos, e alguns agrotóxicos têm apresentado desempenho superior à finalidade para a qual são aprovados, pois estimulam a fisiologia das plantas. É um campo ainda de pouco conhecimento das ciências agrárias, onde falta regulamentação governamental, daí aparecerem denominações esdrúxulas, como bioenraizadores, bioestimulantes e biopromotores, mas é um segmento que vai crescer muito nos próximos anos.

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