Tutty Vasques / Estadão
Ainda que Tim Maia continue atual quando citado sentenciando
que “este país não pode dar certo”, há que se rever as premissas do pessimismo
do artista. Quinze anos após sua morte, a maluquice maior não é mais o simples
fato de que “aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se
vicia e pobre é de direita”.
Aqui e agora, como se sabe, homofóbico cuida dos direitos
das minorias, desmatador zela pelo meio ambiente, condenados vigiam a Justiça
e, se faltava um acusado de suborno presidindo a Comissão de Finanças da
Câmara, o Congresso preencheu tal lacuna elegendo para o cargo o nobre deputado
João Magalhães.
O parlamentar mineiro chegou lá justo no dia em que foi
denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao STF por 33 práticas de
corrupção passiva e quatro atos de fraude em licitação.
Está já há um mês se fingindo de morto em suas novas
funções, provavelmente para não dividir as atenções da sociedade com o colega
Marco Feliciano, que acabou virando mártir da luta contra a teimosia de quem
insiste em levar este País a sério.
Como se aqui prostituta não se apaixonasse, cafetão não
tivesse ciúmes, traficante não se viciasse…
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