Daniel Strutenskey de Macedo
As bruxas existem. Quem não se lembra das Bruxas de Salem? Mas isso é fichinha! Maurice Druon, escritor francês e ministro da cultura e educação da França, historiador, autor da célebre coleção “Os Reis Malditos” retrata o nascimento do estado moderno que surgiu na França na época do Rei de Ferro de modo mais contundente, através de uma ficção romanesca e que traz à luz as bruxas da época e estratégias de poder com gosto de poções venenosas. São seis volumes repletos de disputas pelo poder, o assassinato do papa, do rei, de rainhas, princesas, duques, cardeais, banqueiros e generais.
Enfim, várias gerações e dinastias disputando o poder com alquimias, religiosidades e bruxarias. E assim nasce o Estado, o primeiro estado moderno, com moeda única, impostos regulamentados, justiça e polícia a serviço dos que detém um poder não mais repartido, mas centralizado. Nasceu com filosofias? Estratégias econômicas e militares? Discussões de ideias? Não!!! Mas boataria, futricas, invejas, maldições, vaidades, ambições, traições. Este o caldo, esta a receita humana nos jogos de poder que se transvestem em falsos ideais de reformas e mudanças virtuosas. Bruxaria pura! Séculos se seguem...
Fraternidade, Igualdade, Liberdade, justiça, surgem quatrocentos anos depois. É uma história menos antiga, porém pouco conhecida, que transforma a Europa por algum tempo, pois logo surgem Rosbespierre, Marat, vaidades, traições, terrores, guilhotinas! Depis, Napoleão vira imperador. Na sequência, é exilado e morre. A Suécia se salva, recebe General Bernadotte e Desirée como novos reis e fundadores de uma nova e promissora nação, que hoje reconhece, em primeira mão, a existência do Estado da Palestina. Apesar da reviravolta, os temas de igualdade e da justiça prosperam nas mentes e afastam algumas bruxas, o mundo ocidental começa a pensar em república.
Os últimos 150 anos foram dedicados a construções republicanas e democratas, embora nem sempre as duas juntas. Enfim, vingou. Os EUA até conseguiram um presidente negro, como antecipou Érico Veríssimo. A Polônia e o Brasil elegeram líderes sindicais. A Europa enriqueceu e atraiu mão de obra da África e de países islâmicos para construírem viadutos, limparem esgotos, trabalharem em serviços perigosos, cozinharem e servirem cafés. Em sequência, eles trazem os parentes, multiplicam filhos e atraem mais imigrantes, ameaçando a cultura branca e superior das nações que o Rei de Ferro organizou em Estado séculos atrás. Os países da Europa, agora unidos por laços alfandegários, soltam as bruxas que a Revolução Francesa havia afastado. Pobres, negros e orientais devem ir para a fogueira ou ficar à deriva no oceano. Volver à direita! Três séculos para trás, volver!
Portugueses, italianos, espanhóis e outros europeus que desembarcaram no Brasil após o século dezenove e depois das duas Grandes Guerras, com uma mão na frente e outra atrás, famintos e humildes, nos trouxeram profissões e artes, criaram sindicatos, o Fanfulla, e se tornaram brasileiros, mas restaram saudades da cultura que ficou lá no passado, pois aqui encontraram um Brasil caboclo e moreno, com ritmo diferente. Diferente, e um “boas vindas” único, especial, cristão. Até meados do século XX, o caboclo que chegasse à porta de outro, dizia: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”. O de dentro respondia: “Para Sempre Seja Louvado, entre!”.
Éramos assim. E, nestas circunstâncias, usufruindo da simplicidade, da humildade de crença e de filosofia da caboclada, os italianos, os espanhóis e outros estrangeiros ganharam espaço e o pão de cada dia, uma casa, um negócio, um posto no governo, uma casa bancária, depois um banco, uma padaria, depois um supermercado, uma grande distribuidora, uma oficina, depois indústria metalúrgica, uma secretaria de governo, depois o próprio governo. Netos e bisnetos puderam votar, obtiveram passaportes e viajaram ao exterior para ver a cultura dos avós. Agora, instruídos, e com cidadania dupla se envergonham desta pátria e almejam a terra e a cultura que seus bisavós deixaram lá atrás. Só que na Europa e nos EUA é diferente.
E eles não respondem “Para sempre Seja Louvado, entre!”, but “How much do you have in your pocket?”.
Foi isto que ouvi quando cheguei na alfândega deles.
Fraternidade, Igualdade, Liberdade, justiça, surgem quatrocentos anos depois. É uma história menos antiga, porém pouco conhecida, que transforma a Europa por algum tempo, pois logo surgem Rosbespierre, Marat, vaidades, traições, terrores, guilhotinas! Depis, Napoleão vira imperador. Na sequência, é exilado e morre. A Suécia se salva, recebe General Bernadotte e Desirée como novos reis e fundadores de uma nova e promissora nação, que hoje reconhece, em primeira mão, a existência do Estado da Palestina. Apesar da reviravolta, os temas de igualdade e da justiça prosperam nas mentes e afastam algumas bruxas, o mundo ocidental começa a pensar em república.
Os últimos 150 anos foram dedicados a construções republicanas e democratas, embora nem sempre as duas juntas. Enfim, vingou. Os EUA até conseguiram um presidente negro, como antecipou Érico Veríssimo. A Polônia e o Brasil elegeram líderes sindicais. A Europa enriqueceu e atraiu mão de obra da África e de países islâmicos para construírem viadutos, limparem esgotos, trabalharem em serviços perigosos, cozinharem e servirem cafés. Em sequência, eles trazem os parentes, multiplicam filhos e atraem mais imigrantes, ameaçando a cultura branca e superior das nações que o Rei de Ferro organizou em Estado séculos atrás. Os países da Europa, agora unidos por laços alfandegários, soltam as bruxas que a Revolução Francesa havia afastado. Pobres, negros e orientais devem ir para a fogueira ou ficar à deriva no oceano. Volver à direita! Três séculos para trás, volver!
Portugueses, italianos, espanhóis e outros europeus que desembarcaram no Brasil após o século dezenove e depois das duas Grandes Guerras, com uma mão na frente e outra atrás, famintos e humildes, nos trouxeram profissões e artes, criaram sindicatos, o Fanfulla, e se tornaram brasileiros, mas restaram saudades da cultura que ficou lá no passado, pois aqui encontraram um Brasil caboclo e moreno, com ritmo diferente. Diferente, e um “boas vindas” único, especial, cristão. Até meados do século XX, o caboclo que chegasse à porta de outro, dizia: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”. O de dentro respondia: “Para Sempre Seja Louvado, entre!”.
Éramos assim. E, nestas circunstâncias, usufruindo da simplicidade, da humildade de crença e de filosofia da caboclada, os italianos, os espanhóis e outros estrangeiros ganharam espaço e o pão de cada dia, uma casa, um negócio, um posto no governo, uma casa bancária, depois um banco, uma padaria, depois um supermercado, uma grande distribuidora, uma oficina, depois indústria metalúrgica, uma secretaria de governo, depois o próprio governo. Netos e bisnetos puderam votar, obtiveram passaportes e viajaram ao exterior para ver a cultura dos avós. Agora, instruídos, e com cidadania dupla se envergonham desta pátria e almejam a terra e a cultura que seus bisavós deixaram lá atrás. Só que na Europa e nos EUA é diferente.
E eles não respondem “Para sempre Seja Louvado, entre!”, but “How much do you have in your pocket?”.
Foi isto que ouvi quando cheguei na alfândega deles.
As bruxas estão de volta...
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