A agricultura, a riqueza, o carnaval e a alegria. A agricultura brasileira experimentou evolução extraordinária nos últimos 40 anos, com base na tecnologia e na eficiência do agricultor. A produção mundial de alimentos contrariou as teorias de Thomas Malthus, que em 1789, previa o colapso da população humana por falta de alimentos.
A importância da agricultura foi destacada na hierarquia das necessidades do ser humano, por Abraham Maslow, que posicionou a alimentação e o conforto pessoal como a base da pirâmide que sustenta a autorrealização das pessoas.
Em 2017 ouvimos com tristeza, a proposta de uma escola de samba, no carnaval do Rio de Janeiro, anunciando tema relacionado com a “demonização do agricultor” que “explora indígenas” e “usa agrotóxicos”.
Estudiosos da economia demonstram que devemos ter respeito aos elementos capazes de gerar alimentos, emprego e riqueza. A agricultura no Brasil é a principal propulsora da economia, da geração de renda, de empregos e de paz (alimentos).
O carnaval tem origem na alimentação farta, na bebida, na diversão, na alegria e nos prazeres que precedem a fase de jejum. Para os que apreciam a cerveja no carnaval, lembrem que a bebida tem origem na cevada, produzida por um agricultor, que cultivou a semente, manejou a planta, protegeu contra pragas e doenças e garantiu a sanidade e a qualidade do produto final.
Um hectare de cevada, conduzido pelo agricultor, produz três toneladas de grãos. Na indústria, esses grãos produzem 2.100 kg de malte, que geram 18.600 litros de cerveja.
O que equivale a mais de 50 mil latas de 350 ml de cerveja.
O agricultor receberá R$ 1.800,00 pelos grãos de cevada produzidos por hectare. Ele teve desembolso aproximado de 1.500 reais para produzir, sem considerar os riscos de clima, mercado, preços. Gerou R$ 300,00 de lucro.
O consumidor pagará R$ 5,00 por lata de 350 ml de cerveja, o que equivale a R$ 250.000,00, gerado com base em R$ 1.800,00 de grãos de cevada. O agricultor, que produz a cevada, participará com 0,72% do valor dessa cerveja consumida no carnaval com base no preço de R$ 5,00 por lata de 350 ml.
Não há “almoço de graça” e todos os segmentos da economia necessitam gerar renda, ocupação digna de mão de obra e de autoestima. Devemos, no mínimo, exigir respeito de segmentos da sociedade que consomem alimentos todos os dias, que se beneficiam da geração de riqueza impulsionada pelo agricultor.
* o autor é engenheiro agrônomo e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).
Recebi da Texto Comunicação, uma assessoria de imprensa, nota de repúdio da ABMRA sobre o samba enredo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense que denigre o agronegócio.
ResponderExcluirDiz a nota:
“Quem denigre a imagem do agronegócio não conhece sua importância para a produção de alimentos”
A Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócio (ABMRA), entidade de comunicação do Agronegócio, repudia a forma como a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense apresentará o seu enredo “Xingu, o Clamor da Floresta” no Carnaval carioca deste ano. O samba-enredo exalta o povo Xingu mas critica o Agronegócio. Além disso, prevê a apresentação de uma ala chamada “Fazendeiros e Seus Agrotóxicos”. Essa iniciativa denigre a imagem do setor produtivo agropecuário, já que generaliza de forma depreciativa um segmento tão importante para a economia do país.
Não se está com essa nota de repúdio diminuindo a importância questões indígenas, que devem ser no sentido de preservar suas reservas, sua história e suas tradições. No entanto, não se pode culpar o setor Agro e, de forma generalizada, como pretende a escola de samba, mostrando ainda essa distorção para o mundo todo.
A agricultura ocupa apenas 7,5% da área do Brasil, onde produz mais de 200 milhões de toneladas de alimentos. Quando se considera o uso por área e por cultura, o volume de agroquímicos consumidos, que são os “remédios para as plantas”, é consideravelmente baixo para um país de clima tropical. Além disso, sem os agroquímicos, a produção de alimentos no Brasil cairia para a metade.
Vale destacar também que o Brasil é, entre os países de maior importância agrícola, aquele que mais preserva suas matas originais. As matas nativas representam 65% do território brasileiro, ou mais de 500 milhões de hectares. Por sua vez, as reservas indígenas representam mais de 11,6% ou quase 100 milhões de hectares.
Dessa forma, como uma associação que busca a valorização do Agro brasileiro, a ABMRA coloca-se de forma veemente contrária às inverdades e generalizações trazidas pela referida escola de samba e se põe à disposição para o esclarecimento e o debate de temas relevantes sobre o Agronegócio, o mais importante setor econômico do país.
Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócio ABMRA)