domingo, 16 de julho de 2017

A hipocrisia de todo dia

Richard Jakubaszko
O exercício da cidadania se faz sob o manto da hipocrisia, embalada de um lado pelos interesses econômicos, de outro lado por idealistas, e as discussões sobre questões sociais, políticas e econômicas, e, especialmente as de cunho ambiental, exacerbam o emocional, desfocadas da realidade daquilo que deseja e necessita a humanidade, em destaque a população brasileira, mal informada, aculturada politicamente, em que predominam fantásticas diferenças sociais, culturais e econômicas, da qual a distribuição de renda é apenas um exemplo, mas não é o mais gritante.

Há milhares de artigos publicados neste blog e em toda as mídias onde encontramos todas essas questões, seja na discussão correta sobre os objetivos e estratégias públicas traçadas para a conquista da produtividade na agricultura brasileira, seja na preocupação pelas falsas e ilusórias soluções das questões ambientais, eis que considera de forma equivocada os seres humanos como responsáveis por desequilíbrios ambientais inexistentes. Ou seja, na poluição, somos culpados, mas na questão do aquecimento ou das mudanças climáticas essa é a maior falácia do século 21.

Ao partimos de uma premissa incorreta para traçarmos uma estratégia de políticas públicas, todas as soluções propostas poderão redundar em um notável desastre. Estamos cheios desses exemplos em nossa história. Parece ser este o caso brasileiro. Estamos em passos errados na política. No momento, com um governo ilegítimo, que não tem representatividade, o país caminha para um precipício de proporções imprevisíveis em termos políticos e na economia, por causa de disputas políticas que contaminaram o judiciário e o Ministério Público, e justificam a excrescência da Lava Jato, cópia carbono mal feita da Mani Pulitti italiana, que redundou em quebra da Itália e não acabou com a corrupção. Aqui no Brasil também não vai acabar. A hipocrisia elegeu o combate à corrupção como o maior problema brasileiro, o caixa 2 é agora chamado de propina, mas o moralismo midiático e judicial determina que as investigações sejam sempre seletivas pelos corruptos inimigos, já que a propina dos amigos é proveniente da sacristia, e não vem ao caso.


Outro exemplo gritante da nossa tupiniquim hipocrisia está no julgamento do TSE em junho último, onde desdobramentos da denúncia inicial do PSDB, apresentada desde 2014 para invalidar a candidatura Dilma-Temer, recebeu ao longo desse tempo inúmeras provas adicionais, denúncias e delações, gravações, mas nada disso entrou no mérito das votações, pois os debates públicos entre os doutos juízes não as consideraram válidas. O curioso, mais uma vez demonstrando a imensa hipocrisia nacional, é que o autor da ação no TSE, o quase ex-senador Aécio Neves, já confessou, levianamente, em gravação com autorização de escuta judicial, que propugnou a ação só para "encher o saco do PT". Mais curioso ainda é que o Senado anulou a sentença provisória do STF (Facchin) que o afastou do Senado, e que também foi cancelada pelo mesmo STF (Marco Aurélio Mello), e não vão mais cassar o mandato do tucano, pois esses colegas andam solidários, cada vez mais, seja nas tristezas, seja nos objetivos políticos.

Enquanto o governo federal vai trançando armas com o judiciário, que também disputa velhas diatribes com o legislativo, ações do governo federal tentam desarmar o atual Código Florestal, especialmente na área da Amazônia, reduzindo as áreas de proteção ambiental no Pará, anulando multas, permitindo novas manobras cartoriais, tudo sob a omissão da grande mídia.

Fico na expectativa para as eleições de 2018, se é que vão acontecer, sobre o que o povo vai fazer em termos de votos. A hipocrisia brasileira só parece que atingiu o limite do imaginável. Que ninguém tenha dúvidas de que ela será superada. Em breve, as delações do Cunha, detalhando os nomes dos colegas legisladores que ganharam um jabá "por fora" para votar o impeachment de Dilma. Esses mesmos que agora vão "votar" pela autorização, ou não, de Temer ser julgado pelo STF por crimes de corrupção praticados antes de chegar ao Planalto, e depois de chegar lá também, pois a gandaia continuou correndo solta e fagueira, como prova a votação na CCJ, que não aceitou autorizar o processo. Aliás, por que a hipocrisia da CCJ votar? Independentemente do resultado da votação na CCJ, a votação que vale mesmo é a do plenário. Ou era já para mostrar forças de quanto a hipocrisia tem de importância nesse teatro de absurdos?

Coitado do Brasil, e dos brasileiros.


Wikipedia:

A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não as possui. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou mais tarde a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos.
Um exemplo clássico de ato hipócrita é denunciar alguém por realizar alguma ação enquanto realiza a mesma ação.
Para o linguista e analista social Noam Chomsky, a hipocrisia, é definida como a recusa de "... aplicar a nós mesmos os mesmos valores que se aplicam a outros", é um dos males da nossa sociedade, que promove a injustiça como guerra e as desigualdades sociais, num quadro de autoengano, que inclui a noção de que a hipocrisia em si é um comportamento necessário ou benéfico humano e da sociedade.
François duc de la Rochefoucauld revelou de maneira mordaz a essência do comportamento hipócrita: "A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude". Ou seja, todo hipócrita finge emular comportamentos corretos, virtuosos, socialmente aceitos.

O termo “hipocrisia” é também comumente usado (alguns diriam abusado) num sentido que poderia ser designado de maneira mais específica como um “padrão duplo”. Um exemplo disso, é quando alguém acredita honestamente que deveria ser imposto um conjunto de morais para um grupo de indivíduos diferente do de outro grupo.

Hipocrisia é pretensão ou fingimento de ser o que não é. Hipócrita é uma transcrição do vocábulo grego "ypokritís" (υποκριτής). Os atores gregos usavam máscaras de acordo com o papel que representavam numa peça teatral. É daí que o termo hipócrita designa alguém que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência.
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