Richard S. Lindzen, professor do Alfred P. Sloan de Ciências Atmosféricas ensinou no Massachusetts Institute of Technology – MIT, até 2014. Ele é professor emérito do MIT, o que não é pouca coisa.
Em abril de 2017 ele publicou o texto de sua conferencia pública sobre as mudanças no clima, disponível no site Merion West.
Nela, logo de inicio manifesta seu espanto com os alarmismos espalhados com muita desonestidade a respeito de mudanças climáticas, enganando o público não especializado.
Segundo ele, não existe o propalado consenso de 97% de cientistas em torno de um real aquecimento da Terra. Trata-se de um golpe estatístico já refutado por especialistas em enquetes.
Não há base para alarmismos ou catastrofismos. Há, porém, um catecismo do politicamente correto que manda pensar assim. E o cientista que não repete o catecismo não obtém verba do Estado, que monopoliza as aplicações no setor.
Por isso, não papagaiar esse catecismo será com certeza um suicídio para um jovem cientista e o forçará a incluir a “mudança climática” ou o “aquecimento global” em seu trabalho, ainda que não tenha relação com ele.
É presunção ridícula achar que o aumento do CO2 faz mal. Não obstante, esse gás deve ser demonizado em qualquer projeto que queira ser financiado, explicou o prof. Lindzen.
O CO2 é bombeado nas estufas para acelerar o crescimento das plantas.
A insistência em dizer que tal ano foi um dos “mais quentes desde que se tem registro” resulta de uma manipulação estatística, porque o tal aquecimento cessou nos últimos vinte anos.
O simples leigo fica confundido com a ideia de que basta tirar uma média de todas as temperaturas do planeta para se ter o “aquecimento global”.
O que quer dizer uma média entre a temperatura de um deserto como o Vale da Morte na Califórnia e o monte Evereste? – perguntou o prof. Lindzen.
É algo como fazer uma média de todos os números de telefone que possam existir, ironizou o professor. Ele destacou a prevalência da análise qualitativa para concluir sobre a evolução do clima.
O não-cientista pode ser facilmente enganado. Por exemplo, a respeito de nível dos oceanos. Também o nível da terra seca muda em função do movimento das placas tectônicas! Tudo na Terra está em movimento.
Expansão crescente do gelo antártico. A linha verde indica a média. |
Ainda assim, em 1979 começamos a medir com satélites o nível dos mares. A surpresa foi que não obtivemos resultados muito diferentes dos recolhidos pelos métodos antigos. As diferenças foram tão pequenas que não permitem supor mudanças desastrosas.
Os temores a respeito obedecem antes a critérios propagandísticos que científicos.
Outro caso. A observação do Ártico e da Antártica com satélites começou em 1979. Todo ano se verifica um acentuado ciclo de diminuição da superfície gelada no verão e de crescimento no inverno.
O período de tempo em que este fenômeno vem sendo observado já é de 40 anos. Em termos de mudança climática, é um intervalo bem breve. Porém, tenta-se extrapolar os resultados de um período tão breve para futuros remotos, o que é obviamente inadequado.
Se fôssemos extrapolar desse modo os dados da temperatura terrestre colhidos no dia e na noite, poderíamos ter prognosticado que o mundo neste momento estaria fervendo. É ridículo.
Incorre-se no mesmo ridículo extrapolando os dados da cobertura de gelo ártico, restritos a poucas décadas.
Em 1922 houve preocupação com um eventual desaparecimento do gelo ártico. Depois voltou a crescer. A preocupação não é só de hoje. O novo é o exagero propagandístico.
Todo o que se pode dizer a respeito do gelo ártico é que as oscilações constituem um dos numerosos fenômenos interessantes na Terra para os quais não temos nem mesmo registros suficientes.
Além do mais, o derretimento dos polos provavelmente não contribuirá para um aumento do nível dos mares.
O curioso é que a abertura de uma passagem náutica pelo polo foi sempre uma aspiração considerada altamente conveniente e desejável para o transporte mundial.
E eis que agora é vista com alarmismo e pânico!
O que fica em pé é a ironia atribuída a Henry Louis Mencken: “o cerne da praxe política é manter a população alarmada com uma série intérmina de espantalhos, imaginários na maior parte”.
O movimento ambientalista foi bem mais longe até do que dizia Mencken.
A pilhéria do urso polar
A foto é pitoresca, mas a exploração é demagógica. |
Exploraram a imagem patética trabalhada em algum photo shop de um urso polar boiando num resto de gelo.
Mas Susan Crockford, especialista na evolução dos ursos polares, mostrou que houve significativa diminuição deles no passado, porque eram caçados comercialmente.
Isso favoreceu leis que interditaram a caçada. O resultado é que agora o número deles aumentou em tal medida que foi necessário voltar a permitir sua caça.
Não há prova de que as alterações da população dos ursos polares tenham algo que ver com as mudanças climáticas.
A acidificação dos oceanos
A acidificação dos oceanos é mais uma dessas obscuras denúncias que não resistem à análise, disse.
O público se alarma com o vocábulo “ácido”, mas o fato é que os oceanos estão mais perto daquilo que em química se denomina “base” do que um “ácido”, e a tendência verificada vai mais na linha de um ligeiro aumento da “base” que neutraliza o “ácido”.
Como é costumeiro, há demasiados erros nesses alarmes.
A suposta morte de recifes de corais está relacionada com a “acidificação” dos oceanos. É um típico alarmismo oco.
O “aquecimento global” como causa de tudo
O resultado é que o “aquecimento global” é indiciado como causa de tudo o que pode haver de danoso. Este viés verbal atingiu o absurdo.
Alguns absurdos são por demais evidentes, como a balela propagada pela revista Nation segundo a qual o CO2, embora não tenha sido percebido, é altamente venenoso!
Pelo contrário, ele é essencial para a vida de nosso planeta!
Nossos submarinos e estações espaciais consideram que níveis muito altos de até 5000 ppm [partes por milhão, ou 5000 moléculas de cada milhão na atmosfera] de CO2 no ar que respiram os tripulantes estão dentro da margem de segurança.
Mas os alarmistas gritam porque a Terra atingiu níveis de apenas 400 ppm [0,04% da atmosfera]! O artigo da Nation chegou à bizarrice de dizer que o “efeito estufa” aqueceu a temperatura do planeta Vênus até os altíssimos níveis atuais [457ºC].
Qualquer um sabe que a alta temperatura da superfície de Vênus é devida à proximidade do sol e à presença de densas nuvens de ácido sulfúrico envolvendo aquele planeta.
O planeta Marte tem muito mais CO2 que a Terra: sua atmosfera é composta em 95,32% por CO2, mas não aqueceu globalmente. Pelo contrário, é muito mais frio que a Terra [importantes oscilações em torno de -50ºC].
Analisando os alarmistas, temos visto repetidamente que estão burlando a opinião pública e que os dados científicos constituem para eles meros detalhes.
Conclusões
A acumulação dessas invenções na mídia é apresentada como ‘esmagadora evidência’ de uma catástrofe que se aproxima. Mas vendo o que os catastrofistas dizem, podemos nos perguntar se eles têm prova do que quer que seja.
Para concluir, as alegações de mudanças climáticas justificaram numerosas políticas que na maior parte das vezes fizeram mais mal do que bem. E têm capacidade para gerar ainda mais males.
O melhor que se pode dizer dessas iniciativas é que, apesar de seu imenso custo, terão pouco impacto nos níveis de CO2.
Dediquei muito tempo ao estudo do caso das perturbações do CO2 na atmosfera do planeta, disse o prof. Lindzen, e acabei achando que supor que esse gás possa mudar o clima é algo muito próximo de acreditar na magia.
Mas os catastrofistas dizem que é preciso acreditar na ‘ciência’. Se for assim, tal ‘ciência’ teria virado uma ‘crença’ e deixado de ser um sistema de conhecimento.
* o autor é Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, e webmaster de diversos blogs.
Publicado originalmente em https://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com.br/2017/06/achar-que-o-co2-decide-o-clima-e-como.html
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