Richard Jakubaszko
O filme "Não olhe para cima" (baseado em possíveis fatos reais), além de ser fake news, porque não é uma ficção científica, só pode ser uma enorme de uma gozação do diretor e do roteirista, dos produtores e atores com os filmes catástrofes. Polemizar, como a mídia tem feito, de que o filme envolve uma mensagem profunda e mostra uma crítica à sociedade, bem como desobediência às ciências, comparando a questão do meteoro do filme que irá destruir o planeta em relação com as mudanças climáticas, porque existem negacionistas, é excesso de preciosismo.O filme não faz nada disso, em nenhum momento, e nem tem essa pretensão, exceto a de ser pretensioso em si mesmo, porque é uma produção caça-níquel, sem qualquer qualidade como filme (entretenimento) ou como mais uma produção cinematográfica das belas artes, porque é um dos filmes mais medíocres de todos os tempos, seja como ficção ou como comédia de costumes. Minha mulher, minhas duas filhas e a neta, nem conseguiram assistir o filme além dos seus 15 primeiros minutos. Curioso, e teimoso, acabei por assistir até o fim, mas apenas confirmei o gosto feminino das mulheres lá de casa, pois o filme é uma enorme porcaria do cinema americano. Os 15 minutos suportados por elas mostra que a bunda é o melhor crítico de um filme ou peça de teatro. Quando a bunda dói, ninguém suporta ir até o fim, só os imbecis.
Sem exagerar, como crítica, posso "aliviar" o propósito dos diretores e roteiristas, encarando a comédia de costumes como crítica social ao comportamento de políticos, das TVs, das redes sociais e até mesmo de cientistas medíocres. O que mais se destaca no filme são programas de entrevistas nas TVs com os cientistas anunciando a vinda do meteoro, e os âncoras e comentaristas interessados em mostrar humor através de comentários idiotizados, pois assim é a TV americana, que não tem qualidade alguma, nem profundidade, exceto em alguns programas noticiosos ou séries de filmes produzidas para TV. Enfim, pode-se considerar uma crítica social do filme sobre a superficialidade da mídia quando aborda assuntos sérios e importantes. O filme, talvez por isso mesmo, em nenhum momento mostra programas jornalísticos abordando a tragédia anunciada pelos cientistas. Os raros momentos e abordagens mais sérios e responsáveis de todo o filme são aqueles onde os cientistas (Jennifer
Lawrence e Leonardo DiCáprio, este sofrível na interpretação do cientista-astrônomo) estão em conversa entre si.
Desde a descoberta da futura hecatombe por uma cientista, até o final do filme, passam-se 6 meses de tempo real, e nesse meio tempo são mostradas duas entrevistas na TV, dois encontros com a presidente dos EUA (interpretada sem nenhum talento por uma ausente Meryl Streep, que fez 4 ou 5 pontas no filme) no salão oval da Casa Branca, em momentos totalmente imbecilizados, todos com piadinhas medíocres, seja da presidente ou de seu principal assessor e chefe de gabinete, e depois de um mega-empresário americano, que lembra Bill Gates, porque fabricante de celulares, mostrado como o segundo homem mais rico do mundo em todos os tempos, além de principal financiador da campanha da presidente. O mega empresário muda os anunciados planos militares e científicos na Nasa e do Pentágono, para desviar o meteoro de sua rota de colisão com o planeta, para um plano maluco e irreal dele e do deptº de engenharia de sua empresa, de tomar posse do meteoro, ou seja, sequestrar o dito cujo, depois de fragmentá-lo, e explorar suas riquezas minerais calculadas em trilhões de dólares.
O non sense das soluções científicas no filme predomina, e fica claro que não é um filme de ficção científica, pois nada do que as ciências projetaram fazer é seguido. Seguem em frente as propostas políticas do empresário financista da presidente política, lembrando trapalhadas de Bolsonaro e Luciano Hang. Fica então o filme reduzido a revelar-se uma comédia medíocre, uma autêntica chanchada americana em todos os sentidos, abaixo de qualquer crítica, e deixa os espectadores bem intencionados na esperança de que apareçam críticas sociais importantes sobre a imbecilização da população americana, ou do comportamento leviano, vazio, taxa zero de cultura ou intelectualidade mostrada pela mídia. Nesses aspectos o não olhe para cima merece com galhardia de sobra o prêmio framboesa de pior filme da década que se inicia.
Mas o filme foi produzido e está aí em exibição na Netflix, pintado pelos seus imbecis e obedientes publicitários como uma ficção científica criativa, e também como uma comédia de costumes muito legal, e que apresenta propostas para um debate interessante sobre desobediência civil em relação aos enunciados pelos cientistas. Não é verdade, nada disso está no filme, que é sofrível, medíocre, e mostra o quanto a teoria de Darwin está incorreta sobre a evolução das espécies. Darwin esqueceu-se de dizer que há também involução nessa trajetória, pois é isso o que acontece com a inteligência da humanidade atualmente. O filme "Não olhe para cima", dessa forma, é objetivo e importante, porque nos mostra a realidade nua e crua de que a mediocridade e a imbecilidade* tomaram conta de tudo a partir dos tempos atuais de predomínio de Trump e Bolsonaro, e isso não é fake news.
Nota do blogueiro:
O termo imbecilidade utilizado neste post refere-se, no seu sentido lato, como termo médico, que imbecil é o sujeito adulto de mais de 30 anos de idade, que pensa como um garoto de 10 anos.
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