Richard Jakubaszko
(artigo publicado originalmente na revista DBO Agrotecnologia, edição de nº 31, julho/agosto 2011)
10 economistas, 11 opiniões,
mas somos um derivativo chinês.
A desvalorização cambial artificial de algumas moedas serve como subsídio às exportações dos países que a adotam: gera empregos e interna moedas fortes. Ao mesmo tempo, são um sobretaxa não alfandegária às importações. É o que fazem os EUA com o dólar, que anda sendo impresso tresloucadamente, financiando guerras político-econômicas externas e sustentando o déficit fiscal do governo. Não gerou ainda os empregos desejados, desde a crise de 2008, e obriga países exportadores, como a China, por exemplo, a ter reservas superiores a US$ 3,3 trilhões e também o nosso Brasil. Lemos por aí que passamos de US$ 350 bilhões em caixa em agosto 2011, um espanto nunca antes visto.
A desvalorização cambial artificial de algumas moedas serve como subsídio às exportações dos países que a adotam: gera empregos e interna moedas fortes. Ao mesmo tempo, são um sobretaxa não alfandegária às importações. É o que fazem os EUA com o dólar, que anda sendo impresso tresloucadamente, financiando guerras político-econômicas externas e sustentando o déficit fiscal do governo. Não gerou ainda os empregos desejados, desde a crise de 2008, e obriga países exportadores, como a China, por exemplo, a ter reservas superiores a US$ 3,3 trilhões e também o nosso Brasil. Lemos por aí que passamos de US$ 350 bilhões em caixa em agosto 2011, um espanto nunca antes visto.
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Com os US$ 3,3 trilhões que a
China tem de reservas cambiais,
nenhum chinês vai passar fome.
China tem de reservas cambiais,
nenhum chinês vai passar fome.
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Os economistas têm explicações para tudo. Todo dia desenterra-se uma teoria nova, e a mídia dá destaque. Uma das mais novas, desenterradas de baús antigos, é de que temos de ser um país exportador de mercadorias com valor agregado, ou melhor, produtos industrializados. Para isso teria de se apreciar o Real. E commodity seria o quê, senhores economistas? Commodity hoje em dia é um ativo financeiro, um derivativo de alto valor, vale mais do que ouro ou dólar, mais do que título do tesouro americano, e é muito mais seguro. Ou não?
Então, exportemos commodities! Especialmente aquelas que dispomos e sabemos produzir como ninguém, sejam grãos, açúcar, carne, frango, café e tudo o mais, porque temos terra, sol e água. E temos gente competente no campo, além de tecnologia e pesquisa tropical. Só nos falta o capital, que agora começamos a acumular em caixa. Parece simples, mas não é.
Ocorre que a política manda mais do que a economia, lembremos que em 2012 teremos eleições nos EUA, e isso é mais importante do que uma crise ou que manipulações cambiais artificiais de moedas. São três possibilidades a serem analisadas, e que provocarão incertezas para 2013.
A - Vitória de Obama, e maioria republicana no Congresso.
B - Vitória de Obama, e maioria democrata (quase impossível).
C - Vitória republicana para presidente, com maioria no congresso.
Cada uma das três alternativas provocaria rumos diferentes para a economia mundial em 2013. Na hipótese de um cenário “A”, os problemas atuais se manteriam. No “B”, até seria possível alguma melhora, e no “C” é imprevisível. Se analisarmos pela contínua queda de popularidade de Obama, a possibilidade está mais para “C”, com o retorno dos neoliberais ao poder. Aqui a economia pode dar uma cambalhota. Mas os estragos já estão feitos, e o rebaixamento da economia americana do alto do pedestal AAA, pode provocar outras repercussões. Poderia provocar uma desejável humildade na política externa dos EUA, mas parece que vai ser o contrário, irá exacerbar a megalomania do xerife decadente que precisa mostrar poder ao planeta.
Independentemente das eleições americanas, a crise econômica que se prenuncia encontrará o Brasil mais bem preparado do que já esteve em crises anteriores, até mesmo melhor do que a crise de 2008, quando Lula avisou que seria uma marolinha. Temos hoje em dia um robusto mercado interno consumidor. No caso de a crise se espalhar, e seja qual for o rumo político, num ou noutro desdobramento das eleições americanas, o Brasil vai sair ainda mais fortalecido do entrevero, até porque, já a partir de 2012/13 estaremos concluindo ferrovias e melhorando a ainda deficiente infraestrutura; iniciaremos a extração em escala econômica de petróleo do pré-sal, e vamos exportar ainda mais commodities, debaixo de uma nova safra recorde de grãos.
A China, nesse caso, é a grande garantia e avalista do nosso futuro. Portanto, o Brasil é um “derivativo da China”, mas ainda parece melhor sermos um “derivativo chinês” do que americano, como já fomos em passado recente. Mesmo que a crise americana (e europeia) se alastre e atinja a China com algum impacto, continuaremos a ser um “derivativo chinês”. E, com o que os chineses têm de reservas cambiais hoje, nenhum chinês vai passar fome. Com toda a certeza isto influenciará as cotações de preços na bolsa de mercadorias de Chicago.
Por tudo isso, na verdade, com crise ou sem crise, e seja qual for o resultado das eleições americanas, o Brasil já está na estrada do futuro, mesmo que 11 ideias de 10 economistas se contradigam para gáudio da imprensa cada vez mais pessimista e catastrófica. Parece ser bom sermos um derivativo chinês.
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