Recebi e-mail do engenheiro agrônomo Fernando Penteado Cardoso, que informa o seguinte:
Parabéns por abordar o assunto Belo Monte tão explorado por tantos, inclusive pelos habituais caçadores de manchete.
Em aditamento a meu comentário um tanto irônico e caçoísta, segue um ponto de vista de autoridade no assunto.
Espero que possa ser aproveitado.
Grande abraço
Fernando Cardoso
Em tempo-
O OESP de 6.12 deverá novamente noticiar desmatamento na Amazônia. Em que pesem as dúvidas sobre a metodologia do INPE, um ponto merece ser considerado.
Qual desmatamento? Dentro dos limites legais de 20% na floresta alta e 65 % no cerrado?
Em minha última viagem constatei que muito pouca floresta alta e pesada é abatida com motosserra para pastagem. Está ficando caro, traz muita chateação e risco.Não chega ao limite de 20%
Continuam desmatando o que chamam de “cerrado de pau reto” ou “floresta de transição”, com árvores finas, não grossas, cuja abertura é econômica e pode ser feita com trator de esteira e correntão.
Sendo terra fraca e ácida, por isso vegetação leve, é classificada de cerrado e o IBAMA autoriza aberturas de 65%. Segue-se calagem e adubação inicial pesada e planta-se soja já no 1o. ano. Dá chateação também, mas...o preço da soja “tá tão bão!”
Este solo e cobertura típica encontra-se na latitude ao sul de Sorriso, a leste e oeste. São terras arenosas que o plantio direto permite cultivar e produzir com sucesso e lucro. Se o INPE fornecer as coordenadas de 20 pontos amostrados ao acaso de desmatamento recente, em poucos dias pode-se determinar o tipo de solo e de floresta que foi aberta.
Temos áreas onde chove, tem luz e faz calor. Até quando vamos dar ouvidos aos patetas e ignorantes amigos do sub-desenvolvimento do nosso país? Da minha parte tenho orgulho do que tem sido feito principalmente pela gauchada valente.
Não deveria haver limite para transformar terra improdutiva em solo agricultável e fértil. A reserva obrigatória de 35% é ridícula. Entendo os americanos quando defendem “fazendas aqui, floresta lá”. São sinceros, transparentes e defendem abertamente o seu interesse. Vamos também defender o nosso interesse e não concordar com a política dos ianques, nem com a cegueira de nossos patrícios irracionais.
NOTA DO BLOGUEIRO:
Paulo Erbisti *
Você ainda acredita em Papai Noel? Se a resposta é sim, é provável que você não saiba de onde vem a água que sai das torneiras nem como se acende a lâmpada do quarto quando você aperta o interruptor. Se a resposta é sim, é provável que você também acredite que a solução definitiva do problema de energia de um grande país em desenvolvimento passa por alternativas como a energia eólica, a energia solar, a energia... bem, acabaram as soluções.
Pergunte a um dos artistas da TV Globo, que falam contra Belo Monte, se ele mora no Leblon ou embaixo de uma turbina eólica. Como ele mora na zona sul do Rio, certamente não saberá que essas turbinas são altamente prejudiciais à saúde dos habitantes e que as vacas deixam de produzir leite por causa do ruído de baixa freqüência emitido pela turbina.
Muito menos, que os pequenos granjeiros europeus não mais permitem que turbinas eólicas sejam instaladas em suas terras por causa desses problemas. Ainda por esse motivo, as turbinas eólicas são predominantemente instaladas no mar, próximo à costa, ou em terra, em lugares absolutamente desertos.
A maior turbina eólica já fabricada tem capacidade em torno de 5 MW. A usina de Itaipu tem uma capacidade instalada de 12.000MW, equivalente a 2.400 das maiores eólicas já fabricadas. Belo Monte terá uma capacidade de 11.300 MW, equivalente a 2.250 das maiores eólicas. Onde implantar isso? Na cabeça dos índios ou nas fazendas? Alguém sugere algo?
OK, tentemos então substituir as turbinas hidráulicas de Belo Monte por painéis de energia solar. Alguém que saiba o custo do kwh da eletricidade produzida por painéis solares poderia me orientar? Uma grande dúvida me assalta a respeito disso: se a solução solar parece tão boa e não poluente, por que até hoje não decolou em nenhum país do mundo, a não ser como isoladas experiências científicas de pequeno porte?
Os índios, ah, os índios, sempre inocentes e pobre-coitados! Logo eles, que estão dando ao mundo exemplos de eficiência no gerenciamento de suas terras, como na reserva Raposa do Sol, impedindo a entrada dos homens brancos, exceto madeireiros, garimpeiros, religiosos e participantes de ONG’s dominadas por estrangeiros.
Os “globais” dizem que índios não participaram do processo de análise do projeto de Belo Monte, o que se trata de uma deslavada mentira – consultem os sites do projeto e procurem pelos tristes detalhes da reunião em que os índios se retiraram pois um grupo de “brancos” presentes impedia com apitos e apupos o correto andamento da exposição dos detalhes do empreendimento.
Os índios e os ambientalistas de ocasião dizem que o rio Xingu vai secar na região da grande curva. O que eles não dizem e não sabem é que a barragem vai regularizar a vazão do rio, principalmente na região da grande curva, permitindo que passe eternamente por ali uma vazão correspondente à vazão média definida pela Mãe Natureza ao longo da existência da Terra. Com isso, deixarão de ocorrer naquela região as enchentes que destroem as plantações dos índios e invadem suas casas. Não parece uma coisa boa?
Um dos especialistas que aparecem no vídeo mostra como um absurdo o fato de que a usina só operará durante alguns meses por ano, e isso é a mais pura verdade. Ora, essa gente se espanta porque não fez o dever de casa corretamente – basta analisar o regime hidrológico do rio para saber que a Mãe Natureza estabeleceu a milhares de anos que o rio Xingu teria seis meses de cheias e seis meses de vazante. Como modificar isso? Por decreto ou por uma ação social através do Twitter ou do Facebook?
Ora, os projetistas de Belo Monte levaram essa característica hidrológica em consideração ao dimensionar a usina e chegaram à conclusão de a obra seria viável. O empreendimento se comprovou rentável, caso contrário os empresários e o governo não colocariam um único centavo no negócio, não é verdade?
No mesmo vídeo, outros “iluminados” perguntam quem vai pagar pela construção de Belo Monte. A resposta é simples, cara pálida: todos nós, nem poderia ser diferente. Até onde sei, não há almoço grátis no “mundo aqui fora”. Toda e qualquer obra e/ou grande programa de ação social levado a efeito em um país é sempre pago pelo povo – vejam os exemplos de Itaipu (pagamos até hoje, inclusive pelos paraguaios...), a construção de Brasília, a CPMF, a ponte Rio-Niterói, os metrôs brasileiros, os programas oficiais do governo (bolsas famílias e similares) etc., etc.
Essas ações de combate às usinas hidrelétricas costumam ser chamadas de “celebrities diplomacy”, com bastante propriedade. Os artistas que tentam comandar essas ações ganham grande espaço na mídia – vide a presença constante no Brasil do famoso diretor John Cameron, responsável por filmes importantes como Titanic e Avatar. Isso também nos faz lembrar as várias visitas ao nosso país do cantor Sting, em suas performances ao lado dos índios. Não tenha dúvida, amigo, isso faz parte do jogo. Todos querem tirar proveito de uma situação, embora nada entendam do assunto.
Com respeito a isso, queria propor um pacto a esses artistas que desconhecem como funciona a área de produção e transmissão de energia elétrica em nosso país: parar de dar palpites. Eu, como engenheiro mecânico não me pronuncio mais sobre qualquer assunto de TV, teatro ou cinema. Em compensação, eles param de falar besteiras sobre energia elétrica. Chega de amadorismo. Creio que é uma proposição justa.
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Gostaria de ter essa discussão da Usina de Belo Monte entre acadêmicos naturalistas autênticos, vivendo na floresta, sem energia elétrica ou querozena ou gazolina. A discussão negativista por intelectuais refastelados em ambiente de ar condicionado não dá, não convence, padece de coerência. Fernando Penteado Cardoso-agrolida@uol.com.br.
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