O fascínio pelo tempo levou-nos ao pêndulo e às engrenagens, à vibração dos
átomos, à matemática e à física, à computação, às teorias, como a da
Relatividade, ao microcosmo que se mede em nanômetros, ao universo quântico.
Nestes dias, completamos, pelo Calendário Gregoriano, mais
um ano, o de 2013. Isso nos faz lembrar que sem os algarismos e a noção de
tempo, a História, provavelmente, não existiria. Não teríamos como datar o
passado da nossa espécie. Nem como compreender o presente fugaz e complexo que
nos cerca. E nossas visões de futuro estariam relegadas - como no passado - à
leitura das vísceras dos pássaros e à interpretação das profecias dos xamãs e
das sacerdotisas.
Guardadas as devidas proporções, a história humana continua
sendo a de um frágil conjunto de átomos, organizado em células e neurônios,
perplexo diante do milagre da vida, e dedicado a postergar ou trapacear o fim
inexorável.
Há aqueles, como Alexandre o Grande, Átila, ou César, que conquistam
ilhas, montanhas, continentes, e constroem pirâmides e cidades para permanecer
além do tempo. Há os que buscam o poder para exercê-lo sobre quem o cerca,
valendo-se de seus bens ou de sua posição, como se cada instante de controle
sobre outro ser humano, dilatasse os seus próprios momentos neste mundo.
Há, ainda, como Homero, Caravaggio, Lorca, Michelangelo,
Picasso, Violeta Parra, Chaplin, Aleijadinho, quem prefira legar ao mundo o seu
talento e o seu espanto, a beleza dos versos e das formas, das cores, dos
gestos e do sonho.
E há, finalmente, aqueles, entre os quais se incluem também
certos artistas e poetas, que preferem enfrentar a morte, olhando-a nos olhos e
combatendo tudo que a representa. A miséria e a injustiça, a fome, a
desigualdade. O racismo e o ódio, o egoísmo, a violência, a brutalidade.
Esses são os que curam os pobres e humildes, os que ensinam
a ler e a pensar a quem não sabe; que desvendam os males dos vírus e bactérias;
os que forjam novas ideias e movimentos. E criam vacinas, alimentos e fontes de
energia mais baratas, não com a intenção do lucro, mas para mostrar que é
possível. Que a vida pode ser vitoriosa,
Muitos deles morreram no último ano - e não poucos foram perseguidos
e assassinados - outros alcançaram grandes vitórias e conquistas e temos
certeza de que seguirão lutando.
Continuaremos dependendo deles no futuro. São eles que fazem caminhar a
humanidade.
* jornalista
.
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